Periodicidade de publicação de poemas

Caros leitores:
Espero que desfrutem na visita a este espaço literário. Este sítio virtual chama-se “Maria Mãe” e tem como página principal os poemas de Maria Helena Amaro.

quinta-feira, 31 de maio de 2018

87º Concurso de Quadras de S. João JN 2015 - III


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

III

Cinco beijos me pediste…
Cinco vezes disse: «Não!»
A beijos ninguém resiste
Na Noite de S. João!

Maria Helena Amaro

Pseudónimo: Maria Beijos
Concurso de Quadras de S. João do Jornal de Notícias, 2015

quarta-feira, 30 de maio de 2018

87º Concurso de Quadras de S. João JN 2015 - II


(Ilustração de Maria Helena Amaro)


II

Não venhas à minha beira
na noite de S. João...
Beijos dados na Ribeira
são frágeis como um balão...



Maria Helena Amaro

Pseudónimo: Maria Balão
Concurso de Quadras de S. João do Jornal de Notícias, 2015

terça-feira, 29 de maio de 2018

87º Concurso de Quadras de S. João JN 2015 - I


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

I

Na noite de S. João
se eu saltar a fogueira
ficarei com o coração
queimado p´ra vida inteira.

Maria Helena Amaro

Pseudónimo: Maria João
Concurso de Quadras de S. João do Jornal de Notícias, 2015

segunda-feira, 28 de maio de 2018

Dia do sorriso


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Vou guardar para sempre o teu sorriso...
O teu olhar pejado de ternura...
Não é preciso datas... não, não é preciso,
para rendar o nosso tempo de ventura.

Vou guardar para sempre o teu olhar...
A certeza irmanada do teu ser...
Não é preciso uma data a marcar...
Tu estás sempre comigo, até morrer...

Datas para quê? Datas são precisas?
São necessárias para festejar?
O amor? O sorriso? ... e a bondade?

Não há na vida memórias indecisas
quando o amor viveu sem torturar...
Quando a morte faz anos de saudade!

Maria Helena Amaro
26/04/2015

domingo, 27 de maio de 2018

Ira


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Vai deitar fora toda essa ira,
que tem crescido em cada dia, mês e ano...
Lança-a nas vagas do irado oceano.
Deixa-me tanger em paz a minha lira.

O teu aspecto calmo é uma mentira,
é embuste, desaire e desengano.
Que a tua ira causa sempre dano,
tudo derruba, embrutece, vira...

Palavras rudes a tua boca atira.
São como raios certos numa mira.
Sem errar, sem parar, sem um engano...

Deixa-me tanger em paz a minha lira.
A minha alma só a paz admira...
A tua ira é um ato desumano...

Maria Helena Amaro
29/04/2015 

sábado, 26 de maio de 2018

Regresso


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Que é feito de vós minhas meninas,
minhas meninas da Escola de Criás?
Olho as fotos e não vos reconheço...
Só lembro bem os vossos olho ledos,
cheios de luz, de pureza de paz!
Que é de vós meninas de soquinhas,
de avental e saia quase até aos pés?
Que é de vós alegres pequeninas,
atrás de mim em voo de andorinhas
a arrastar, presas, sempre as minhas mãos?
Passaram tantos anos! Tantos... Tantos...
Já sois, talvez mamãs, até avós.
Já vós crescestes em graça e em encantos!
Mas eu não me esqueci... de todas vós.
Vivo ainda e por entre desencantos
olho as vossas caritas encantadas...
Branquinhas de luar... Morenas como a noz
e fico-me a pensar...
Ai Criás, da minha mocidade...
Meu Deus, tanto amor, tanta saudade!

Maria Helena Amaro
Abril, 2015


sexta-feira, 25 de maio de 2018

Sono


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Quando chega a noitinha, eu estremeço.
A noite é longa , como o dia, como a tarde...
Abro os olhos... Fecho os olhos... Adormeço...
Envolvida no meu manto de saudade...

Aos vinte anos, em sonhos, eu regresso
tão cheia de fé, luz e verdade.
Tenho tudo; à vida nada peço.
Sou tão feliz na minha mocidade!

Amo o sol, as flores, as crianças
Faço do meu cabelo longas tranças
e flutuo no céu como um balão...

Sou filha da fortuna, das esperanças
A vida inteira é ritmo de danças...
Então, acordo... Saudades... Solidão...  

Maria Helena Amaro
17/04/2015


quinta-feira, 24 de maio de 2018

Amor perfeito


(Ilustração de Maria Helena Amaro)


Amor-perfeito foi o meu amor
feito de fé, de luz, de esperar.
Abriu em junho como uma flor
e foi nesses abraços se aninhar.

Amor-perfeito foi o meu amor,
puro e viçoso, róseo, cor de âmbar,
envolto em rendas, em brilho, riso, cor.

Amor-perfeito foi o meu amor
Quando o agosto o fez de sombra e dor
e o desalento o veio conquistar...

Amor-perfeito foi o meu amor
do infinito buscou o seu senhor
e nunca mais, nunca mais irá murchar. 

Maria Helena Amaro 
16 de abril 2015


quarta-feira, 23 de maio de 2018

Convite


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Anda ver as azáleas floridas
e as camélias viçosas em flor
Traz contigo o amor das nossas vidas
naquele tempo sem desalento ou dor.

Anda ver o sorriso dos teus netos,
o barulho que preenche o nosso lar
Vem conhecer o melhor dos afetos
Vem dar-lhes colo e a luz do teu olhar.

Vem conhecer o meu cão Labrador
que o Tó me deu por companheiro
nestas horas de luto e solidão...

Traz-me uma estrela, um anjo ou uma flor
que o tempo breve corre tão ligeiro
e está velhinho este meu coração!

Maria Helena Amaro
15 de abril, 2015

terça-feira, 22 de maio de 2018

Busca


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Que fizeram da guitarra de meu pai
que trinava nos serões de Esposende?
É um queixume que de minha alma sai,
que me afaga, que me doí e que me prende.

Que fizeram da nossa sala de jantar
onde o bem e o mal se discutiam?
Pelas janelas nos entrava o luar
e pela porta um cheiro a maresia...

Que fizeram do terraço cimentado
todo o ano florido, ornamentado,
de caixotes de salsa e erva cidreira?

Andava neles o vento atormentado,
tonto de sol, do cheiro perfumado,
dos cravos róseos e da rubra sardinheira.

Maria Helena Amaro
12 de abril 2015.

segunda-feira, 21 de maio de 2018

Dia de anos


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Para mim foste sempre
na vida que vivi...
Mais que um filho-totobola
que Deus me deu
como prémio de consolação
pelos outros que perdi...
Foste o sol, a alegria, o sonho
que nasceu inesperado...
Obrigada amor pelo que és
por aquilo que és e que conténs.
Neste dia de cor
Parabéns! Parabéns e uma flor!

Maria Helena Amaro
14/04/2015


domingo, 20 de maio de 2018

Ai esta primavera!


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Ai esta primavera! Ai esta primavera!
Este mar tão salgado de saudade
Esta esperança de que estás à minha espera.
Desse outro lado na luz da eternidade.

Ai esta primavera! Ai esta primavera!
Esta certeza, esta dura verdade.
Esta solidão tão crua e tão severa
a que chamo tristeza, dor, maldade.

Ai esta primavera! Ai esta primavera!
Que me alegra, me magoa, me venera,
que me traz o teu rosto sem idade...

Ai esta primavera! Ai esta primavera!
Que já me lembra que não sou o que era.
Que me recorda a nossa mocidade!

Maria Helena Amaro
Março, 2015

sábado, 19 de maio de 2018

Nomes


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

O sal é branco e chamam-lhe salgado.
Da noite escura dizem-lhe estrelada.
À vida morta chamam-lhe passado
À minha fé, eu chamo caminhada.

À madrugada todos chamam dia.
Ao sol vermelho já chamam clarão.
A um sorriso chamarei alegria.
Mas à tristeza eu chamo solidão.

Assim se escrevem nomes acertados.
Uns são corretos outros são errados.
Uns vivem sós, outros são como irmãos...

O papel quer guardá-los bem guardados.
Mas eles saem de caneta disfarçados
e são poemas de entrelaçadas mãos.

Maria Helena Amaro
Março de 2015

sexta-feira, 18 de maio de 2018

Carta/poema


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Caminhaste tantos anos,
na planície longa
à procura da flor azul...
Encontraste a papoila
vermelha, esfuziante,
mas não a colheste
porque vestia de vermelho
e o vermelho para ti
chamava o conflito...
Encontraste o lírio meigo e roxo,
mas não era o sonho
que tinhas procurado...
Encontraste o malmequer sadio,
mas o malmequer era amarelo
e o teu sonho tinha de ser azul...
Na planície longa 
só encontravas rosas,
violetas, narcisos,
ignotas flores...
A busca foi dura e demorada,
mas numa manhã de sol
na planície longa
entre a erva daninha
encontraste a flor
a flor azul
azul e tão azul
que te cegou de luz...
Não foste capaz de a cortar...
Não foste capaz de a guardar...
Deixaste-a ao relento
ao sol
ao vento
à tempestade fria
e ela resistiu...
E tu? Que fizeste tu da
busca interrompida?
Não te deram a flor
e sentes pena? ...
Deixa lá! A flor é a vida
e esta carta tornada
num poema!


Maria Helena Amaro
Março, 2015

quinta-feira, 17 de maio de 2018

Requiem


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Quando eu morrer... não me chorem... não!
Vistam-me o meu vestido de noivado.
Forrem a urna com o meu toucado.
Coloquem uma cruz na minha mão...

Não quero flores em profusão.
Nem discursos de tom notificado.
O valor das flores quantificado
deem aos pobres que não tenham pão

Peçam a Deus uma palavra de perdão
para os desvios deste meu coração
insatisfeito, cigano, atormentado...

Quando eu morrer... não me chorem... Não!
Com Deus não morrerei em solidão.
A vida eterna é um sonho abençoado!

Maria Helena Amaro
Quaresma, 2015


quarta-feira, 16 de maio de 2018

Poesia - Dia da mulher


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Não venham hoje bater à minha porta.
Hoje não estou... Não recebo ninguém.
Quero sentir-me velha, rude, morta,
encurralada na dor que me retém.

Não  venham hoje encher a minha sala
de risos, de barulho, de questões...
Quero o silêncio que me canta e embala.
Não quero  fitas, nem arcos, nem balões...

Deixem-me só na minha solidão.
Tenho paz, tenho luz na minha mão
e a caneta já fala de alegria...

É mais um pouco... À dor vou dizer não.
O papel é amigo e é irmão.
Quero estar só... Para ouvir a Poesia!

Maria Helena Amaro
8 de março de 2015.


terça-feira, 15 de maio de 2018

Amo o vento


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Anda o luar a bater-me na vidraça...
Anda à procura duma estrela perdida.
Na noite fria procuro uma guarida.
Mas não me abrigo ao luar que me abraça...

Quero ser livre como o pregão da praça,
que a peixeira solta desabrida...
De asas quero vestir-me de seguida,
e esvoaçar no vento que me enlaça.

É isto a minha sina, a minha raça,
senhora de ventura ou de desgraça,
nem luar, nem maré interrompida...

Amo o luar... Até que lhe acho graça,
mas o vento que ruge e por mim passa
dá um sentido de força à minha vida!

Maria Helena Amaro
Esposende, 2015.

segunda-feira, 14 de maio de 2018

As terras de Cávado


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

Esta é a terra a que pertenço,
terra de luz, de sol, de mar, de rio,
de nevoeiros e de vento frio,
vestida de luar, em vale imenso.

Veste azul, veste rosa, verde intenso.
Veste de branco o longo casario.
Dá-lhe o sol, as cores, em desafio,
monte cinzento será o S. Lourenço.

São pedaços abertos em clareira:
Gandra, Gemeses, Curvos e Palmeira,
Bartolomeu do Mar, Marinhas - Antas.

Fão e Criás, Apúlia sargaceira
Rio Tinto, Fonte Boa leiteira
Forjães, Belinho... Ó terra que me encantas!

Maria Helena Amaro
Março, 2015 

domingo, 13 de maio de 2018

Poesia (a)


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

3
Lá do alto do «simpósio»
- Onde ides com ar fidalgo?
Vou chamar o meu Ambrósio
p´ra me trazer de bom... algo!

4
Que me quereis, senhora minha?
Da caminhada, estou morto!
Trazei-me uma bolachinha...
Um cálice de Vinho do Porto!

Maria Helena Amaro
8/02/2018   

sábado, 12 de maio de 2018

Poesia


(Ilustração de Maria Helena Amaro)

1
Onde ides cheia de sol
vestidinha de cetim?
Vou cortar um girassol
que nasceu no meu jardim!

2
Onde ides linda flor
com olhinhos «zaragateiros»?
Vou buscar o meu amor
que se perdeu nos romeiros!

Maria Helena Amaro
8/02/2018

sexta-feira, 11 de maio de 2018

Parabéns


(Ilustração de Maria Helena Amaro)


Que a vossa vida seja uma clareira
repleta de risos, luz e sol...
Que o amor dure a vida inteira
à sombra doce de um grande girassol!


Maria Helena Amaro
31 de março de 2018


quinta-feira, 10 de maio de 2018

Berço


(Ilustração de Maria Helena Amaro)


Esposende foi um berço de embalar.
O vento frio a minha cantadeira.
Vinha-me do S. Lourenço o seu luar.
O cheiro a iodo da praia sargaceira.

Alimentei-me de sol, de luz, de mar,
com gritos roucos que vinham da ribeira.
Via as gaivotas, no rio a planar.
Ficava a sós, a rir, a tarde inteira.

Tinha vestidos com rosas de toucar...
Era de contas azuis o meu colar...
Sonhava navegar numa traineira...

Corria alegre descalça, a saltitar
nas pocinhas que a maré vinha beijar.
A onda louca era a minha companheira.

Maria Helena Amaro
Maio, 2015