(Ilustração de Maria Helena Amaro)
Eras a Carochinha
posta numa janela
tostão
na mão
a procurar em vão
amor de ocasião...
Passavam muitos
e todos rejeitavas
sem perdão ...
Um dia
algum passou que te escolheu...
Mas tu não escolheste,
tu foste uma escolhida...
Pensava ele
o toleirão
que o amor da Carochinha
era para toda a vida...
Não foi
não queria ser
independente e louca
era mulher...
Foi-se embora um dia
de coração
na mão...
Ela ficou
encostada ao portão
a ver o seu «ratão»
perder-se no caminho...
partido o coração...
De quando em vez
a Carochinha
pendura-se à janela
mas já não tem tostão
já não sacode a mão
já não procura amor
de ocasião...
Formiga sem formigo
cigarra sem guitarra
ainda vai
ainda sonha
fazer da vida airada
a sua grande farra!
Maria Helena Amaro
Outubro, 2012
Sem comentários:
Enviar um comentário